Considerando que resmas de TUGAS não provam o dito produto, a média dos "comilões" do dito deverá ser mesmo muito elevada... e o Natal ainda não chegou!!!
domingo, 3 de dezembro de 2017
domingo, 29 de outubro de 2017
A Revolução de Outubro em Lisboa
Não se pode dizer que tenha sido
deliberado, mas a greve geral da Função Pública desta semana, convocada pela
CGTP, com o distraído apoio do Bloco, é uma maneira de comemorar o centenário
da Revolução de Outubro que agora se celebra, entre o Outubro gregoriano e o
Novembro ortodoxo. É um dos mais importantes acontecimentos da história
contemporânea, um dos mais sanguinários episódios do século XX e uma das mais
negras páginas da história da Liberdade!
Os centenários costumam ser
gloriosos! Este não é o caso. Na Rússia, na China, em Cuba ou na Coreia, a
passar-se alguma coisa, serão demonstrações melancólicas e pífias. Em Portugal,
há uns filmes de Eisenstein na televisão, uns livros reeditados de Alvaro
Cunhal e uns breves escritos de políticos portugueses ligados ao Bloco. É
pouco, mas é o que há. Mais importantes são as traduções de autores de renome,
Pipes, Service, Conquest, Carrère D’Encausse, Furet, Sebag Montefiore, Figes e Fitzpatrick,
entre outros.
A maneira portuguesa de comemorar
a Grande Revolução consiste bem mais na existência de um Governo socialista
apoiado pelo PCP e pelo Bloco. É um dos raros exemplos, talvez mesmo o único,
em que colaboram três das mais antigas variedades de comunistas, Trotskistas,
Estalinistas e Maoistas. Não directamente, pois não se sentam à mesma mesa, mas
através do mediador PS. As relações entre os três foram sempre venenosas e
violentas. Da Catalunha a Pequim, de Coyoacán a Havana, de Hanoi à Manchúria,
as relações entre estas três tendências do marxismo-leninismo foram pautadas
pela extrema violência e pelo assassinato puro e simples. O facto de se
encontrarem associadas ao governo socialista, ele próprio com uma tradição de
hostilidade por parte daquelas espécies comunistas, é digno de atenção. O que
torna este caso ainda mais curioso é a sua insignificância na política
internacional. Na verdade, já quase não há Estalinistas. Maoistas ainda existem
em quantidade, mas na China, pois claro. E Trotskistas encontram-se em extinção
rápida. Na verdade, as três liturgias são quase inexistentes.
Portugal é caso único na Europa e
raro no mundo. Os resultados eleitorais são fascinantes. Um pouco mais de 8%
para os estalinistas do PCP; mais de 10% para os trotskistas e maoístas do
Bloco; e uma coligação de ambos, separadamente, com os socialistas, constitui
uma singularidade tão especial quanto um último exemplar do Dodo. Como naqueles
filmes do parque jurássico em que animais extintos são trazidos à vida
contemporânea.
A centenária revolução legou à
humanidade uma formidável obra política, cultural, social e ideológica: o
comunismo real. Este teve uma enorme influência nas vidas dos povos e dos
Estados. Ao fim de cem anos, essa incontornável realidade do século XX jaz no
“caixote do lixo da história”. Desapareceram o “homem novo” e o “futuro
radioso” com custos e perdas que se elevam a dezenas de milhões de mortos pela
força bruta, pela fome deliberada e pela doença! E dezenas de milhões de
prisões, de deportados, de execuções e de assassínios.
Portugal é um dos raros sítios do
mundo onde há comunistas (estalinistas, maoístas e trotskistas) activos,
reconhecidos e a exercer funções em regime democrático. Minoritários, mas, ao
que dizem, com esperanças de aumentar a sua influência no governo socialista.
Há dois anos que se iniciou um ensaio de participação no poder. Se esta
experiência trouxesse uma verdadeira conversão dos comunistas à democracia, à
Europa, aos direitos individuais, à liberdade e à iniciativa privada, Portugal
assistiria a um fenómeno interessante para o nosso futuro. Se acontecesse o
contrário, isto é, a conversão dos socialistas às crenças dos seus aliados e à
complacência com as liberdades reduzidas, a democracia vigiada e o primado do
Estado, então sim, estaríamos em presença de um acontecimento único na história
dos povos e da Europa.
DN, 29 de Outubro de 2017 - Dr. António Barreto
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
Perdeu o regime e perdeu Portugal...
Perante um texto tão incisivo e realista nada há a acrescentar que não seja a palavra PARABÉNS ao seu autor, neste caso o Dr. António Barreto, ponto final paragrafo...
"O regime já perdeu...
É uma história sem fim feliz. Qualquer que seja o desenlace,
ficaremos a perder. Portugal e o seu povo ficarão sempre a perder.
Evidentemente, se Justiça for feita, poderemos sempre dizer que ressuscitámos,
que a Justiça é a nossa Fénix. Se os culpados forem expostos e condenados e se
as vítimas e os contribuintes forem pelo menos moralmente ressarcidos (nunca o
serão financeiramente…), será possível dizer que, bem lá no fim, a Justiça
prevaleceu. Se assim for, poderá também afirmar-se que será possível, depois do
desastre, aprender com os erros. É uma consolação.
Mas ficaremos a saber que duas ou três (ou mais…) operações
politicas e financeiras de assalto ao Estado, a algumas das melhores empresas
portuguesas, aos recursos de milhões de depositantes, credores, accionistas e
investidores se desenvolveram durante anos. O que aconteceu com a cumplicidade
de um ou dois partidos políticos, com a participação activa de alguns dos
“melhores” banqueiros portugueses, com a intervenção maliciosa de um governo,
com a colaboração dolosa de vários gestores privados e públicos. Tudo isto
perante a incapacidade ou falta de poderes das entidades fiscalizadoras, diante
do silêncio das instituições e a coberto de uma comunicação social geralmente
mal preparada e dependente. Vários bancos foram liquidados. Diversas empresas
destruídas. Um grupo de insaciáveis sem escrúpulos tomou conta!
As instituições não tiveram poderes para intervir com
firmeza e honestidade. As instituições, por responsabilidades objectivas ou
subjectivas, não agiram quando deviam, não perceberam o que estava a acontecer.
Umas não puderam, outras não quiseram.
Falhou a opinião pública, falhou a imprensa e falharam as
instituições. Os governantes não falharam, porque eram cúmplices ou
protagonistas. Mas o Parlamento falhou, porque não cumpriu os seus deveres. Nem
quis saber. Os partidos não falharam, porque aproveitaram. Ou falharam, porque
não perceberam.
Primeira hipótese: encontramo-nos diante de uma colossal
operação de destruição de pessoas, partidos, governantes, empresas e bancos, a
comando de concorrentes ocultos e de abomináveis forças de conspiração. Nessa
versão, falham o regime, a democracia e a Justiça. Segunda hipótese: uma
monumental operação de expropriação e assalto ao Estado, por parte de políticos,
gestores e banqueiros, destruiu empresas e grupos, fez literalmente desaparecer
dez a vinte milhares de milhões de euros. Nesta versão, falham o regime, a
democracia, o sistema político, o Parlamento, as instituições e o capitalismo
português.
Convêm não esquecer que não se sabe onde pairam cinco a dez
mil milhões “desaparecidos”, mas que se encontram depositados a recato em
contas de famílias, seus mandatários, cães e gatos. A que terão de se
acrescentar cinco a oito milhares de milhões de outras histórias mal acabadas,
como a do BPN. Convém ainda não esquecer que as actuações de políticos,
banqueiros, bancários, gestores e empresários relativamente às PPP, aos SWAPS e
aos golpes em quase todos os bancos portugueses estão fora da alçada deste processo
Sócrates barra Salgado barra Espírito Santo barra PT.
Perdeu o regime e perdeu Portugal. Que ninguém pense que,
com excepção do ladrão, alguém vai ganhar e que o fim será feliz. Não. Ou perde
a economia, o mercado e a banca. Ou perde o mais importante partido político da
democracia, o seu líder durante seis anos e o seu único Primeiro-ministro com
maioria absoluta. Ou perde a democracia e o seu sistema político que conviveu
com parasitas da política ou das finanças, deixou pulhas roubar o Estado e permitiu
que velhacos roubassem depositantes, credores e accionistas de boa fé. Ou perde
a democracia e o seu sistema de Justiça que não consegue organizar um serviço
capaz de investigar eficazmente, arguir dentro de prazos decentes, julgar em
tempo e dar sentenças a horas. Ou perde o regime cuja classe dirigente é
incapaz de governar com honestidade e em democracia.
Ou perdemos tudo, que é o mais provável."
DN, 15 de Outubro de 2017
Incêndios "falência do Estado"
A culpa não deve morrer solteira, nem é justo que uns quantos artistas da politica tentem encontrar bodes expiatórios para tudo o que de mal acontece nesta terra, Manuel Alegre assumiu culpas, eu não esperava que o fizesse e resta-me louvar a sua atitude... outros imagino que ainda terão pensado "botar" as culpas no SALAZAR!!!
"O histórico socialista Manuel Alegre assina hoje um artigo
de opinião no Diário de Notícias em que afirma que a tragédia dos incêndios em
Portugal mostra a "falência do Estado", fruto de "desleixo,
incompetência e amiguismos".
"Dá vontade de chorar e não consigo ficar calado. É um
símbolo triste da falência do Estado, fruto de décadas de desleixo, de
incompetências, de amiguismos múltiplos, da submissão do interesse geral a
interesses instalados e da capitulação perante lógicas que não são a dos fins
superiores do Estado e do país", escreve.
Manuel Alegre critica as reformas feitas que resultaram na
saída dos meios de combate aos incêndios das mãos do Estado, sendo
"entregues ou partilhados com empresas privadas", no artigo
intitulado: "Não consigo ficar calado"-
"Vi o meu país a arder, sei que morreram cem pessoas em
quatro meses e não consigo ficar calado. Talvez a culpa seja minha, porque fui
deputado e participei na construção de uma democracia que a páginas tantas se
distraiu e não soube resolver problemas estruturais, como o reordenamento do
território e das florestas, assim como o combate ao abandono e à desertificação
do país", lamenta."
DN - 18 OUTUBRO 2017
quinta-feira, 12 de outubro de 2017
Um povo alheado e dependente...
"Sócrates não merece cair sozinho
Não se enganem: aquilo que
ficámos a conhecer não foi a acusação de José Sócrates, mas a acusação de um
regime inteiro. Um regime composto por um povo alheado e dependente, um poder
corrupto, uma justiça amedrontada e um jornalismo manso. Sem esta triste
conjugação de pobres qualidades, José Sócrates poderia sempre ter sido eleito
em 2005, mas jamais seria reeleito em 2009. É evidente que existe gente
indecorosa em qualquer parte do mundo, mas nos países bem frequentados as
instituições não falecem todas ao mesmo tempo. Infelizmente, durante a era
Sócrates, tudo faliu, até finalmente falir o país. Tirando duas ou três dúzias
de teimosos que insistiram obsessivamente que o rei ia nu, demasiadas pessoas
em lugares de responsabilidade ou não viram o que se estava a passar, por serem
pouco espertas, ou não quiseram ver, por serem pouco honestas.
Neste momento marcante da
História de Portugal, em que um ex-primeiro-ministro é acusado de 31 crimes de
corrupção, fraude fiscal, branqueamento de capitais e falsificação de
documento, convém recordar que José Sócrates não caiu da tripeça por causa dos
portugueses, que finalmente perceberam quem ele era. Caiu por causa da crise
internacional, da falência do país e da vinda da troika. Sócrates obteve 36,6%
dos votos em 2009 (mais de dois milhões de pessoas), já depois da revelação da
licenciatura fraudulenta e das manobras para impedir a publicação de notícias;
já depois da exibição do DVD do caso Freeport onde Charles Smith declarava que
ele era corrupto; já depois de correr com Manuela Moura Guedes do programa de
informação mais visto da TVI por não apreciar o estilo e as reportagens. E
mesmo após a crise internacional, a falência do país e a vinda da troika, José
Sócrates ainda conseguiu obter 28,6% de votos para o PS – 1,57 milhões de
portugueses. Em 2015, depois de quatro anos de brutal austeridade, António Costa obteve
somente mais 180 mil votos do que José Sócrates em 2011.
Sócrates foi um extraordinário
caso de popularidade, não só entre o povo, mas sobretudo entre as elites. E são
estas elites que hoje em dia me preocupam, porque os ex-apoiantes de Sócrates
continuam por aí como se nada fosse, nos blogues, nos jornais, nas empresas, no
PS, no governo. Muitos dos que acham que os portugueses têm o dever moral de
pedir desculpa por acontecimentos do século XVII, não vêem qualquer necessidade
de pedir desculpa por acontecimentos de 2017. Não há qualquer acto de contrição
por terem apoiado incansavelmente um homem que a cada três meses era suspeito
de fraude, corrupção e atentado ao Estado de Direito, e que nunca, jamais,
apresentou qualquer justificação decente para aquilo de que era acusado.
Dir-me-ão: Sócrates ainda não
está condenado. Pois não. Mas reparem como o entusiasmo dos seus defensores
esmoreceu desde a noite da detenção (21 de Novembro de 2014) até ao dia da
acusação (11 de Outubro de 2017). A verdade é esta: as acusações são demasiado
fortes e as explicações demasiado fracas. Daí Sócrates estar cada vez mais
isolado. Contudo, o julgamento que se aproxima não pode esgotar-se nele. É
sobre Sócrates, sobre Salgado, sobre Vara, sobre Bava, sobre Bataglia, e sobre
um regime construído por inúmeros ex-socratistas, que agora saem de cena na
esperança de que esqueçamos o papel que desempenharem ao longo dos anos.
Eu não esqueço. (e eu também não...) Aqui estarei para lembrar que Sócrates não ascendeu sozinho, não governou sozinho e, acima de tudo, não merece cair sozinho."
Eu não esqueço. (e eu também não...) Aqui estarei para lembrar que Sócrates não ascendeu sozinho, não governou sozinho e, acima de tudo, não merece cair sozinho."
domingo, 10 de setembro de 2017
domingo, 6 de agosto de 2017
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