Portugal desenvolveu-se até 2000, depois
foi "uma desgraça"...
Para Silva Lopes, os entraves ao
desenvolvimento do país acentuados na última década, começaram com o
endividamento «antes da entrada na zona euro»
Fonte: tvi24 / LF |
2014-03-25 08:28
O ex-ministro das Finanças José Silva Lopes considerou
que Portugal desenvolveu-se e convergiu com a Europa até 2000, mas de então
para cá «tem sido uma desgraça».
«O país desenvolveu-se pelo menos
até 2000. O PIB (produto interno bruto) per capita duplicou. Os portugueses
tinham um PIB per capita em 1973 que era o equivalente a 58% do PIB da média
dos países europeus e em 2000 estamos em 70%», afirmou.
«Progredimos mais do que os
outros, convergimos para os níveis europeus», acrescentou, salientando que «Portugal
teve um crescimento que foi dos melhores da Europa, neste período, apesar das
fragilidades».
Mas desde 2000 para cá,
«infelizmente tem sido uma desgraça. O PIB per capita já hoje é 4% mais baixo
do que era em 2000 (...). Agora estamos a ficar para trás», apontou.
Silva Lopes destacou também as
«mudanças radicais» verificadas na sociedade portuguesa após o 25 de Abril, em
áreas como a mortalidade infantil e a educação, por exemplo.
«Temos sectores hoje bastante mais
eficientes do que naquela altura. Agora não fizemos o suficiente», afirmou o
ex-ministro das Finanças, acrescentando que Portugal não soube ganhar
competitividade na indústria.
«Quando tivemos de deixar de
assentar a nossa produção nos têxteis, naquelas indústrias de mão-de-obra
barata em que os chineses produzem mais barato do que nós, não soubemos trepar
para indústrias mais sofisticadas», apontou.
Para o antigo governador do banco
central, os entraves ao desenvolvimento do país acentuados na última década,
começaram com o endividamento «antes da entrada na zona euro, talvez em 1995».
Nessa altura, os mercados
perceberam que Portugal ia ser membro da zona euro e começaram a baixar as
taxas de juro.
«Em vez de aproveitar isto com
parcimónia e para investimentos, começámos num despesismo louco, nos projectos
megalómanos», criticou, indicando que esse endividamento não foi só do Estado,
mas também das empresas e das famílias.
Portugal «adaptou-se mal à zona
euro», frisou, mostrando-se pessimista quanto ao futuro do país.
«Depois destes sacrifícios todos,
não conseguimos que a dívida começasse a baixar e não vamos conseguir enquanto
não houver crescimento económico. Só saímos (da actual situação) com crescimento
económico e não vejo como. Toda a gente diz isso, a começar pelo Presidente da República
(...), mas ninguém diz como é que se faz», afirmou.
«Para estes tipos do Governo, é
preciso liberalizar tudo, fazer com que as empresas não paguem impostos, com
que os ricos não paguem dividendos. A agenda deles é outra, não é o
crescimento, é favorecer a rapaziada de que eles gostam», considerou, vendo o
crescimento registado nos últimos semestres como «anémico».
É pena este e outros SENADORES, não terem feito um, dois... resmas de MANIFESTOS em tempo oportuno... depois da casa arrombada, de pouco vale por trancas na porta...
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