"O regime democrático saído do 25
de Abril, neste ano em que comemora apenas 42 anos, está já moribundo. As
liberdades conquistadas em 1974 parecem garantidas, como o direito de expressão
e reunião. Mas a democratização prometida está longe de ser alcançada.
O poder é hoje exercido não pelo
povo, mas pelos grandes grupos económicos, com predomínio dos financeiros, dos
construtores e promotores imobiliários. As eleições não geram verdadeiras
alternativas, apenas permitem a alternância no poder dos maiores partidos. A distribuição
de benesses, cargos, “tachos”, é prática generalizada. A classe política
usufrui, em democracia, de privilégios bem maiores do que no tempo da ditadura
fascista.
O regime estruturou-se de forma a incentivar e promover a corrupção. Os escândalos sucederam-se com prejuízos
incalculáveis: Expo 98, Euro 2004, BPN, BES, Banif, submarinos, Freeport,
parcerias público-privadas…
Em termos económicos, então, foi
o descalabro. Portugal poderia ser um país desenvolvido, com uma economia
estruturada, mas o tecido produtivo, salvo raras excepções, é hoje muito débil.
Apesar dos fundos a que o país teve acesso com a integração na Europa
desenvolvida, nos anos 80. Esses apoios foram desviados e desbaratados. Os
escassos recursos são hoje maioritariamente confiscados às empresas e cidadãos,
através de impostos infindáveis.
Ao fim de quarenta anos, a vida
em Portugal poderia ser tranquila, as famílias deveriam viver com conforto,
dignidade e ternura. Mas o nosso quotidiano transformou-se numa permanente
tortura."
25 Abril 2016 - Dr. Paulo Morais